Rouxinol
Estando sua obra praticamente concluída, Deus foi, com os anjos, fazer a vistoria. Estava tudo uma beleza: as montanhas, os rios, os lagos, as árvores... As flores! Ah, que cores, que perfumes!
Mas havia um detalhe que destoava do resto. É que os pássaros, apesar de terem tamanhos variados e asas diferentes, eram iguais numa coisa: todos eram da mesma cor, uma marronzinho, assim, sem graça, sem definição, nem claro nem escuro, uma cor sem nenhum cuidado.
E Deus falou para os anjos:
- Estes passarinhos... Eles não estão combinando com o resto da paisagem... Poderíamos dar um colorido a eles. O que vocês acham?
Os anjos concordaram imediatamente.
Gabriel encarregou-se de avisar a todos que, tal dia, em tal hora, deveriam comparecer para o trabalho de acabamento. No dia e na hora marcada, Deus chegou acompanhado de Gabriel. Sua paleta de cores era deslumbrante, com cores que ele inventara especialmente para a ocasião.
Gabriel começava a chamar os pássaros, quando uma gralha brincalhona lhe roubou a lista, e sem querer, a rasgou. E agora, como fazer? Mas eram tatos pássaros... Certamente não faltaria nenhum. Os pássaros colocaram-se em fila, e o trabalho começou.
A primeira da fila era a arara. Quando viu a paleta, a arara não se conteve:
- Eu quero um pouco deste azul, um pouco deste amarelo, deste vermelho, deste verde... Tudo... Quero muito de tudo!
Deus fez como ela quis. E ela saiu dali chamando a atenção de todos.
Estando sua obra praticamente concluída, Deus foi, com os anjos, fazer a vistoria. Estava tudo uma beleza: as montanhas, os rios, os lagos, as árvores... As flores! Ah, que cores, que perfumes!
Mas havia um detalhe que destoava do resto. É que os pássaros, apesar de terem tamanhos variados e asas diferentes, eram iguais numa coisa: todos eram da mesma cor, uma marronzinho, assim, sem graça, sem definição, nem claro nem escuro, uma cor sem nenhum cuidado.
E Deus falou para os anjos:
- Estes passarinhos... Eles não estão combinando com o resto da paisagem... Poderíamos dar um colorido a eles. O que vocês acham?
Os anjos concordaram imediatamente.
Gabriel encarregou-se de avisar a todos que, tal dia, em tal hora, deveriam comparecer para o trabalho de acabamento. No dia e na hora marcada, Deus chegou acompanhado de Gabriel. Sua paleta de cores era deslumbrante, com cores que ele inventara especialmente para a ocasião.
Gabriel começava a chamar os pássaros, quando uma gralha brincalhona lhe roubou a lista, e sem querer, a rasgou. E agora, como fazer? Mas eram tatos pássaros... Certamente não faltaria nenhum. Os pássaros colocaram-se em fila, e o trabalho começou.
A primeira da fila era a arara. Quando viu a paleta, a arara não se conteve:
- Eu quero um pouco deste azul, um pouco deste amarelo, deste vermelho, deste verde... Tudo... Quero muito de tudo!
Deus fez como ela quis. E ela saiu dali chamando a atenção de todos.
Quando o pássaro-preto, que ainda não era preto, viu aquilo,
disse:
- Ah, isso não. Isso eu não quero! Prefiro algo mais sóbrio: um preto luminoso.
E Deus atendeu o seu pedido.
E vieram os outros pássaros: beija-flores, colibris, periquitos...
O canarinho, todo entusiasmado, logo foi dizendo:
- Ai, adora amarelo! Quero tudo amarelo!
E, no final do dia, quase todos os pássaros já estavam pintados.
A saíra-de-sete-cores, vendo que já não restava muita tinha, esfregou-se na paleta. Saiu toda pintada, e é por isso que tem esse nome.
Deus já organizava os pincéis para voltar para casa, quando viu o rouxinol, chegando apressado.
- Ah, desculpe-me o atraso, mas fui o último a ser avisado e sou o que mora mais longe... Também quero ser pintado.
Mas não havia mais tinta na paleta. Nada, nadinha!
- Ah, mas e eu? Eu vou ficar feio...
Deus olhou para a paleta, olhou os pincéis e viu que restara apenas uma pequena gota de dourado. Pediu então ao rouxinol que pousasse no seu dedo e abrisse o bico. E, com a gotinha de dourado, pintou a garganta do rouxinol.
“Ah, não”, pensou o rouxinol. “Na garganta, ninguém vai ver! Eu continuo feio.” Mas como não podia reclamar com o Senhor Deus, foi-se embora, decepcionado. E ficou amuado, num galho escondido, vendo aquela revoada de pássaros coloridos. Porém, quando abriu o bico, o canto que saiu de sua garganta era inigualável. Era ouro puro, e todos pararam para ouvi-lo.
- Ah, isso não. Isso eu não quero! Prefiro algo mais sóbrio: um preto luminoso.
E Deus atendeu o seu pedido.
E vieram os outros pássaros: beija-flores, colibris, periquitos...
O canarinho, todo entusiasmado, logo foi dizendo:
- Ai, adora amarelo! Quero tudo amarelo!
E, no final do dia, quase todos os pássaros já estavam pintados.
A saíra-de-sete-cores, vendo que já não restava muita tinha, esfregou-se na paleta. Saiu toda pintada, e é por isso que tem esse nome.
Deus já organizava os pincéis para voltar para casa, quando viu o rouxinol, chegando apressado.
- Ah, desculpe-me o atraso, mas fui o último a ser avisado e sou o que mora mais longe... Também quero ser pintado.
Mas não havia mais tinta na paleta. Nada, nadinha!
- Ah, mas e eu? Eu vou ficar feio...
Deus olhou para a paleta, olhou os pincéis e viu que restara apenas uma pequena gota de dourado. Pediu então ao rouxinol que pousasse no seu dedo e abrisse o bico. E, com a gotinha de dourado, pintou a garganta do rouxinol.
“Ah, não”, pensou o rouxinol. “Na garganta, ninguém vai ver! Eu continuo feio.” Mas como não podia reclamar com o Senhor Deus, foi-se embora, decepcionado. E ficou amuado, num galho escondido, vendo aquela revoada de pássaros coloridos. Porém, quando abriu o bico, o canto que saiu de sua garganta era inigualável. Era ouro puro, e todos pararam para ouvi-lo.